Convento de São Miguel das Gaeiras
 
Testemunhos da Presença Franciscana
 

No decorrer das obras de recuperação e reabilitação do Convento de S. Miguel das Gaeiras, foram sendo descobertos alguns objectos, na sua maioria, objectos de cerâmica utilitários.

Tigelas em olaria não vidrada, com restos de tinta no seu interiorOs fragmentos cerâmicos encontrados foram classificados em dois núcleos: os fragmentos de faiança e os fragmentos de olaria vidrada e não vidrada.

A colecção de faiança é o núcleo mais significativos e de mais fácil identificação, de todo o espólio encontrado. É constituído por peças de faiança portuguesa, principalmente, do século XVII. São peças com decoração a azul aplicada sobre o branco, onde predominam os temas vegetalistas de inspiração oriental. Neste período, a faiança portuguesa caracteriza-se por uma pasta de chacota clara, de tom amarelado, coberta por esmalte branco em que a pintura era, geralmente realizada em tons de azul de cobalto, aparecendo mais tarde, os contornos a roxo vinoso de manganés. Tigela em faiança do séc. XVII

As formas revelavam as exigências do mercado, bem como a tipologia dos objectos mais utilizados. No Convento de S. Miguel foram identificadas várias peças, sendo todas elas de utilização doméstica, na sua maioria encontram-se fragmentos de pratos e tigelas, com uma decoração a azul e vinoso, onde prevalecem os “aranhões”, nos quais se encontram, as folhas de artemisa, os leques de palmeira, as moedas, as cabaças, sempre envoltos em cordões e frequentemente articulados com representações botânicas e figurações animais e geométricas.

Os fragmentos de olaria vidrada e não vidrada não apresentam características formais concretas que permitam uma rigorosa determinação da forma ou época.

Pote em faiança vidrado a verdeQuanto à olaria vidrada, podemos salientar que pela referência às cores dos vidrados, nomeadamente castanho e verde, os objectos teriam como origem a cidade de Caldas da Rainha. Embora não existam dados suficientes que determinem a data da instalação das manufacturas de cerâmica na Região Oeste, são vários os exemplares de faiança do período oitocentista oriundos das Caldas da Rainha. São características as incisões e relevos cobertos por vidrados escorridos em tons melados e peças malegueiras. Utilizavam-se os vidrados à base de chumbo nas cores verde cobre, amarelo ferro, castanho manganês e azul cobalto.

Quanto aos objectos não vidrados é muito provável que tenham sido produzidos no próprio Convento de S. Miguel, são peças de grande simplicidade e exclusivamente utilitTrempe utilizada para auxiliar as peças na altura da enfornaárias. A Justificar esta suposição, temos a existência de um forno, onde as peças podiam ser cozidas e, a descoberta durante as obras de recuperação do edifício, de alguns artefactos que podem ser associados a instrumentos de oleiro, nomeadamente, uma  “trempe”, peça  com três braços e bicos nos seus extremos,  auxiliar da enforna; uma peça de metal que parece ser o cabo de um talher, que poderia servir de “teque”, utilizado para rectificar a espessura do barro; um compasso em ferro, comum a diversos ofícios, nos quais podemos incluir a olaria e, ainda, um conjunto de pedras que pelo facto de estarem furadas podem sugerir a extracção de algum minério utilizado na vidragem ou na pigmentação das peças.


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